sábado, 19 de fevereiro de 2011

UNIÃO EM TORNO DA CARGA HORÁRIA DO PSICÓLOGO

Há quase 50 anos foi regulamentada a profissão do Psicólogo, nesse período avançamos muito na sociedade. Somos reconhecidos profissionalmente pela população, a Psicologia é chamada a contribuir nas transformações sociais e ouvida nas questões importantes referente a qualidade de vida das pessoas. Os vários segmentos da Psicologia participam de forma efetiva nos grandes movimentos sociais, tais como o da Luta Antimanicomial, Crianças e Adolescentes, Efetivação do SUS e Implentação do SUAS, LGBTT entre muitos outros.
Realmente estamos de PARABÉNS e devemos nos orgulhar de tamanho avanço, que nos dá muito mais responsabilidade com a comunidade e o futuro do Brasil e vamos contabilizar nos próximos anos mais participação e mais responsabilidades.
Duas grandes questões precisaremos enfrentar com grandeza, articulação e respeito à diversidade de pensamento;
Uma é a discussão do piso salarial do Psicólogo, que tramita no Congresso a passos de tartaruga e infelizmente não temos um Deputado ou Senador que milite pela questão com o mesmo empenho que militam por outras causas. Todavia em relação ao piso parece que temos consenso e acredito que com uma campanha de mobilização possamos pressionar os parlamentares. O ideal é que elegessemos algum deputado da categoria, outras profissões utilizam tal estratégia, me parece muito eficaz;
Outra é a carga horária, aí não conseguimos nos entender. Uns defendem 30 horas semanais, outros 20.
Temos peculiaridades no exercício da Psicologia, não é possivel defendermos carga horária única profissional, as entidades precisam ouvir os Psicólogos e fomentar uma grande discussão.
Enquanto em algumas especialidades o Psicólogo consegue exercer suas atividades por 30 horas em outras se torna insalubre ir além das 20.
É o caso de Psicólogos que atuam na área da saúde em hospitais, clínicas, caps e outros. Trabalhar nesta área numa mesma instituição mais de 20 horas pode provocar perda de qualidade no trabalho e provocar doenças.
Enquanto não tomamos uma posição, os profissionais são contratados para trabalhar na maioria das vezes por 40 horas semanais. Sem contar que na atual situação não temos respaldo legal para qualquer reinvidicação e negociação.
Embora seja contra a carga horária única para o Psicólogo, considero um avanço a conquista das 30 horas semanais,.Estrategicamente o momento é de união para esta conquista, da mesma maneira os Assistentes Sociais obtiveram a carga horária sem a redução de salário.
Um grande abraço a todas Psicólogas e Psicólogos, Parabéns pelas conquistas, Força para os próximos desafios e UNIÃO PELA CARGA HORÁRIA DE 30 HORAS SEMANAIS SEM REDUÇÃO DE SALÁRIO.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA SAÚDE PELO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

Reproduzo na integra do site do CFP:

Carta aberta ao ministro da Saúde sobre a política nacional de saúde mental

Excelentíssimo Sr. Ministro da Saúde Alexandre Padilha,


O Conselho Federal de Psicologia (CFP) parabeniza a nomeação de Vossa Excelência para o cargo de Ministro de Estado da Saúde, reconhecendo seu histórico como médico sanitarista e pela defesa da Saúde no país. Parabenizamos também a nomeação de Roberto Tikanori, um dos nomes importantes do processo da Reforma Psiquiátrica brasileira, para assumir a Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde.
Este Conselho acompanha atentamente as linhas e diretrizes da política de saúde no Brasil. Muitas vezes, temos caminhado com o Ministério da Saúde, defendendo marcos importantes para a saúde da população brasileira e para a atuação dos psicólogos; em outros casos, divergimos, mas temos mantido diálogo respeitoso com o Ministério.
O CFP tem lutado pela superação dos manicômios no país e participado do processo de transformação da política de assistência em saúde mental iniciado há cerca de 20 anos, processo este que vem sendo criticado por alguns segmentos, em clara tentativa de fazer retroceder a implementação da Reforma Psiquiátrica, que devolveu a muitos brasileiros a condição de cidadania.
Reconhecemos o protagonismo do Ministério da Saúde em prol da luta antimanicomial, bem como as inegáveis conquistas de cidadania dos portadores de sofrimento mental, arduamente alcançadas pelo movimento social. Reconhecemos, ao mesmo tempo, os desafios que ainda estão postos para a consolidação desse projeto.
A Marcha dos Usuários de Saúde Mental, realizada em 30 de setembro de 2009 pela Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, em parceria com o CFP, foi organizada para exigir avanços na direção de uma assistência efetivamente antimanicomial. Isso quer dizer exigência pela completa substituição dos leitos em hospitais psiquiátricos por uma rede comunitária de serviços; ter a cidadania como prerrogativa essencial para a promoção e a garantia da saúde mental; e denunciar todas as formas de violência e opressão operadas contra as pessoas, assim como as lamentáveis e ainda recorrentes mortes ocorridas no interior dos hospitais psiquiátricos existentes.
O princípio de que não existe saúde mental sem reconhecimento dos sujeitos, dos seus direitos, da sua plena condição de participação na vida social, a qual precisa então suportar diversidade e novas formas de ordenação, seja no campo da cultura, do trabalho, da educação, da assistência, e de tantos outros, levou a Marcha dos Usuários pela Reforma Psiquiátrica Antimanicomial a apresentar exigências não apenas às políticas públicas de saúde, mas também a outros setores.
Reconhecendo o avanço que a ação intersetorial proporciona ao projeto antimanicomial, destacamos, contudo, o protagonismo da política pública de Saúde que, de modo ousado e contrário a posições de cunho liberal e corporativo, sustenta a saúde como bem público e como um direito, cuja garantia depende da conjugação de sabres e práticas diversas que têm como centro o usuário. Ou seja, sem ceder a pressões do mercado ou das categorias profissionais, a política pública de saúde brasileira investe em empreendimento no qual se arrisca a partilhar o poder para melhor cuidar. Esta diretriz é reafirmada na política pública de saúde mental e é central para o projeto antimanicomial.
A Marcha reconheceu que a Reforma Psiquiátrica precisa de uma dimensão intersetorial. A IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial foi uma exigência desse ato político, que trouxe avanços no campo do debate técnico e político sobre as necessidades de política nacional de saúde mental intersetorial e integral. Essa Conferência, realizada no ano de 2010, como espaço legítimo e democrático do controle social, envolvendo oficialmente todos os segmentos implicados com o campo da saúde mental no país, teve como resultado uma avaliação que aponta para a necessidade de continuidade, avanço e fortalecimento da política de saúde mental. Ela exigiu, no âmbito das políticas de saúde, a total substituição dos hospitais psiquiátricos pela rede de atenção c! omunitária, que precisa ser qualificada e pública.
A Conferência também orientou pela garantia da aplicação dessas mesmas diretrizes na atenção aos usuários de álcool e outras drogas, alvo de preocupações no cenário brasileiro e no atual campo de embates políticos. Entendemos serem essas diretrizes, firmadas em amplo processo democrático de avaliação e deliberação das conferências de saúde mental realizadas em todo o país, que devem orientar a condução das políticas de saúde mental no âmbito do SUS.
Compreendendo que a garantia dos direitos dos usuários de saúde mental e a implementação efetiva da política antimanicomial prevista na Lei 10.216/01 são lutas comuns ao Ministério da Saúde e ao CFP, colocamo-nos à disposição e abertos ao diálogo para avançarmos na concretude dessas políticas urgentes à população brasileira.


Brasília, 10 de fevereiro de 2011
Conselho Federal de Psicologia

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MEDICALIZAÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS E DA EDUCAÇÃO

Chega às crianças e adolescentes a transformação de problemas sociais e educacionais em doenças, com o objetivo de individualizar questões coletivas, controlar e silenciar a sociedade.
Há algum tempo a biologização de questões psicológicas, são divulgadas como verdades científicas, resultando em intervenções invasivas nos indivíduos. Exemplo disso são o recorde de venda de medicações, especialmente as psicoativas.
A lógica biologizante leva a população a acreditar que o ser humano não passa de uma máquina, e basta trocar peças ou utilizar uma medicação que faça funcionar melhor as engrenagens e tudo ficará bem. Temos até a pílula da felicidade.
Relações familiares muitas vezes comprometidas com conflitos, dificuldade em assunção e adjudicação de funções de pai, mãe e filho, problemas em compatibilizar trabalho, lazer e vida familiar e questões sociais graves referentes a moradia, trabalho, saneamento,lazer e cultura, são individualizadas nos adultos através de patologias como ansiedades, medos, depressões, crises de pânico e insônia, com a proposta de serem controladas através de medicações psicoativas ao invés de luta pelos direitos básicos do homem.
Em relação educação, as vítimas da patologização de questões sociais comunitárias são as crianças e os adolescentes?
Salas de aulas lotadas, escolas com instalações em condições precárias, professores sem a devida valorização e motivação. Politicas educacionais voltadas a produtividade e massificação no lugar de uma pedagogia libertadora são questões reduzidas a patologias individuais denominadas como problemas de aprendizagem.
Pseudodoenças como "Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade" ou "Dislexia", com prevalência de até 15% da população estudantil, passível de tratamento medicamentoso, mesmo na mais tenra idade e nos primeiros anos de escola.
Quem ganha com isso?
Precisamos discutir políticas públicas na área de educação, reinvidincar ensino público de qualidade e não setenciar nossos filhos com diagnósticos e prognósticos, vamos garantir a singularidade de nossas crianças e adolescentes, para que tenham um futuro de sucesso e uma vida criativa.
Pais, profissionais de saúde e educação, conselhos profissionais, sindicatos, políticos, vários movimentos populares e pessoas físicas estão preocupados com esta situação, organizados no Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, participe também.
Você pode conseguir maiores informações no site do CRPSP abaixo;
http://www.crpsp.org.br/portal/boletim/
Aproveite para assinar o Manifesto de Lançamento do "Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade".
Para aprofundar a discussão leia:
Medicalização de Crianças e Adolescentes "conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos" Conselho Regional de Psicologia SP - Editora Casa do Psicólogo